sexta-feira, 11 de março de 2011

O TUPANZINE JÁ VIROU TESE DE MESTRADO



Os índies do Brasil

Sobre o Tupanzine:
fanzine brasileiro contemporâneo
polêmico sobre indie rock


INTRODUÇÃO

O trabalho que se segue é uma pesquisa desenvolvida sobre uma movimentação cultural bem específica, geralmente desconhecida, desprezada ou subestimada pelo público acadêmico. Ela produz, entre outras formas de expressão, o fanzine, meio de comunicação impresso típico.
Apesar de aparecerem por causa de um ideal libertário, os fanzines podem veicular idéias tanto de direita quanto de esquerda, ou mesmo negar ambas as vertentes. Assim, o meio no qual ele funciona ganha dimensões mais complexas para serem estudadas. Também complexa é a comunidade que produz e consome fanzines. Dispersa e numerosa, ela não é muito visível na sociedade como um todo. Boa parte das pessoas que participam dela assume papéis de dupla personagem quando imersas na sociedade. Se por um lado vestem a roupa de cidadão, na pele de estudante, trabalhador ou desocupado, por outro interagem uns com os outros, formando uma rede que produz entretenimento coberto ou recheado por uma ideologia para consumo próprio e que não é vista a olho nu.
Embora esse gênero de publicação tenha aparecido no Brasil na década de 1970, não consta sequer dos livros brasileiros sobre imprensa alternativa. Por esses motivos, a pesquisa teve problemas iniciais com a falta de uma bibliografia que envolvesse o assunto teórica e historicamente. O livro mais específico existente no país é “O que é fanzine”, de Henrique Magalhães. O autor fez a gentileza de me ceder seu trabalho original, uma vez que a versão publicada pela Editora Brasiliense é uma espécie de resumo de sua tese de doutorado pela Universidade Federal da Paraíba.
Ao contrário de Magalhães, não utilizei os próprios fanzines como fonte bibliográfica. Como o próprio autor observa, há divergências e falta de sistematização nos conceitos e definições emitidos pelos próprios fanzines. É também do trabalho de Stephen Duncombe que vai ser tirada boa parte das considerações sobre fanzines que aparecem no primeiro capítulo. Ainda nele, vou trazer o foco mais especificamente para o Brasil e falar sobre diferenças e semelhanças entre a imprensa alternativa do Pasquim e d’O Repórter e a dos fanzines, fazer um histórico detalhado dessas publicações, como chegaram no país e como se comportaram nos últimos anos. Também vou abordar as diferenças entre zines e meios de comunicação de massa.
No segundo capítulo, darei algum suporte teórico, apresentando o que pensam alguns estudiosos sobre cultura de massa, cultura popular e os meios de comunicação de massa. Assim, poderemos entender melhor como as manifestações juvenis são vistas e mostradas pela grande mídia. Além disso, vamos ver em que contexto surge e atua o fanzine, que expressões culturais se servem do fanzine e como este acompanha, registra e divulga essas idéias, envolvendo principalmente música e, mais especificamente, o gênero do rock. Além disso vamos observar como e quando o termo “alternativo” ganhou conotações mais fortes na década de 1990, marcando inclusive fortes conflitos e contradições no meio. Interessa descobrir quais são as motivações desses indivíduos, como eles se relacionam com os meios de comunicação de massa, através da dicotomia entre o “alternativo” (underground) e o “comercial” (mainstream), e quais são seus objetivos.
Para isso, escolhi como objeto de estudo e análise o Tupanzine, fanzine de Brasília que apareceu em 1994 e continua ativo até hoje. Apesar de ter editados mais de quinze números, apenas os dez primeiros serão estudados, no terceiro e último capítulo. Isso porque cobrem um período considerável de quase três anos, capaz de traduzir a inquietação da cena: seus anseios, seus “partidos”, sua postura diante de questões internas ou gerais etc. Além disso, a minha presença como leitora e colaboradora já pode ser notada depois disso, o que não seria muito saudável para as conclusões que daqui fossem tiradas. Meu objetivo é mostrar o Tupanzine como um texto cultural capaz de dizer muito sobre o meio em que atua e sobre a visão que seus participantes têm do mundo fora dessa esfera.

Por Thaís Amorim Aragão

pub@zaz.com.br
A versão completa do trabalho em formato pdf, encontra-se nos links abaixo:

Parte1
Parte2
Parte3
Parte4

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